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A Humanidade Reiniciando: O Retorno ao Absolutismo pela Extrema Direita

Ao longo da história, a extrema direita dominou o planeta, e diante das disputas ideológicas contemporâneas, muitas vezes negligenciamos essa realidade. O mais paradoxal é que, após séculos de luta da esquerda para quebrar essa hegemonia e instaurar os princípios de “liberdade, igualdade e fraternidade”, a humanidade parece querer reiniciar, voltando às estruturas de poder do passado.

Aqueles que enaltecem o ideal de um mundo sob a extrema direita deveriam revisitar os livros de história e observar as monarquias absolutistas, predominantes antes da Revolução Francesa. Durante séculos, a humanidade viveu sob um sistema de castas, e é justamente essa estrutura hierárquica rígida que a extrema direita, de forma velada, propõe resgatar.

No absolutismo monárquico, o rei detinha o poder de definir as classes sociais, reservando à realeza e à nobreza o papel de dominadores, enquanto à plebe cabia apenas servir. Com a ascensão do mercantilismo, uma nova classe surgiu: a burguesia. No entanto, apesar de sua riqueza, os burgueses eram marginalizados pelas elites aristocráticas. Esse sentimento de exclusão e revolta impulsionou figuras como Napoleão Bonaparte, que, inspirado pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, ajudou a propagar esses valores pelo mundo.

No Brasil, esses princípios ressoaram em movimentos como a Inconfidência Mineira, liderada por Tiradentes. Embora esses levantes tenham sido reprimidos brutalmente, o tempo mostrou que a democracia e a igualdade social acabaram prevalecendo em grande parte do mundo. Hoje, são poucas as exceções a essa ordem, como China, Rússia, Irã e Coreia do Norte, além de outros regimes ditatoriais em ascensão. Ainda assim, a liberdade e a democracia foram, por séculos, os pilares de um mundo relativamente estável.

As duas Guerras Mundiais serviram como lições para a humanidade, que, a partir delas, criou mecanismos reguladores da ordem global, garantindo 80 anos de relativa paz mundial. A democracia, ao proporcionar a sensação de igualdade e oportunidades para todos, minimizou revoltas e garantiu certa estabilidade social.

Entretanto, nas últimas décadas, a extrema direita vem crescendo de maneira alarmante. Se antes o monarca absolutista era a figura central do autoritarismo, hoje é a burguesia que assume esse papel. A democracia, vista como um obstáculo às suas ambições, passa a ser atacada. As tentativas de abolir o Estado Democrático de Direito já foram evidenciadas no Brasil e nos Estados Unidos, onde governos extremistas buscaram desmantelar as constituições para se perpetuar no poder. Os ataques ao Capitólio em 2021 e a invasão da Praça dos Três Poderes em 2023 são exemplos claros dessa estratégia autoritária.

Esse fenômeno, no entanto, não se restringe a esses dois países. Movimentos de extrema direita estão ganhando força em outras partes do mundo, como Hungria, Argentina, Itália e Alemanha. O que está em jogo não é apenas uma mudança de governo, mas uma reorganização social que favorece o poder econômico de poucos e ameaça direitos conquistados há séculos.

Em resumo, a extrema direita defende a ascensão da burguesia em detrimento das minorias, promovendo um cenário que pode levar à quebra da ordem democrática e ao colapso da estabilidade global. O maior perigo não reside apenas nos líderes como Trump, Milei e Bolsonaro, mas no fato de que suas ideias refletem o pensamento de uma parcela significativa da sociedade. Nos Estados Unidos, Hungria e Argentina, esse modelo já tem apoio majoritário; no Brasil, a disputa ainda está equilibrada. Esse avanço, como uma epidemia, pode rapidamente se espalhar pelo resto do mundo, bastando apenas que os ventos políticos soprem a favor. E já estão soprando!

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