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A Importância Perdida de Lula

Quando as amizades perdem a serventia, elas tendem a desaparecer naturalmente. O mesmo pode ser dito sobre lideranças políticas cuja relevância está atrelada a um contexto histórico específico. Luiz Inácio Lula da Silva, que emergiu como o grande líder dos pobres e retirantes nordestinos, foi essencial em um momento crítico da história do Brasil. No entanto, duas décadas depois, seu protagonismo parece cada vez menos necessário.

Quando Lula assumiu a presidência em 2003, o Brasil era um país afundado na miséria. O Nordeste, em especial, lembrava regiões da África subsaariana, onde a fome e a pobreza ditavam o ritmo da vida cotidiana. No interior, cidades pareciam pequenas vilas sem infraestrutura básica, enquanto na zona rural as famílias travavam uma batalha diária para garantir a próxima refeição. Crianças e adolescentes trocavam a escola pelo trabalho braçal, rezando por chuvas que garantissem alguma colheita. Os mais novos, sem força para ajudar na lavoura, vagavam pelos matagais em busca de qualquer animal que pudesse servir de proteína para a família. Era um Brasil miserável, esquecido e sem perspectivas.

Foi nesse contexto que Lula emergiu como um verdadeiro salvador. O ex-retirante nordestino prometeu erradicar a fome e devolver dignidade ao povo. Seu primeiro mandato foi marcado pela criação de programas sociais como o Bolsa Família e o Fome Zero, que mudaram drasticamente a realidade do país. Com o tempo, a miséria foi sendo superada, permitindo que crianças antes condenadas ao trabalho infantil pudessem estudar e sonhar com um futuro diferente. Hoje, muitos desses meninos e meninas são formados, possuem curso superior e ocupam espaços que antes lhes eram negados. Os pais desses jovens, outrora fadados a uma vida de sofrimento, agora estão aposentados com uma renda mínima de três mil Reais por mês. O Brasil, que tinha um PIB de pouco mais de 800 bilhões de dólares, hoje ostenta uma economia de 2,17 trilhões de dólares. O país que antes pedia esmolas na ONU agora lídera a América Latina e oferece ajuda a nações mais necessitadas.

O problema é que, enquanto o Brasil mudou, Lula permaneceu o mesmo. Ele continua a travar uma guerra contra um inimigo que, embora ainda exista em bolsões isolados, já não define a realidade da maioria dos brasileiros. A pobreza extrema não é mais a marca do país, e a sociedade, antes carente de políticas básicas de assistência, agora exige mais. As novas gerações, formadas nas universidades que ele ajudou a expandir, não querem mais assistencialismo, querem oportunidades e crescimento econômico.

Diante disso, Lula perde sua serventia. O homem que outrora foi fundamental para transformar miseráveis em cidadãos dignos agora se torna dispensável. O país precisa de uma nova liderança que compreenda as demandas da sociedade contemporânea e que saiba conduzir o Brasil para um futuro de desenvolvimento e prosperidade. Lula, com seu discurso ainda preso ao passado, parece não perceber que sua luta contra a fome e a miséria já foi vencida. E, em uma sociedade que não vive mais sob essa realidade, sua relevância se esvai naturalmente, assim como amizades que um dia foram necessárias, mas que já não têm mais propósito.

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